Ensaios, monografias, memórias, estudos…
Os trabalhos académicos têm suas regras, sua metodologia, quem os escreve é suposto dominar minimamente as exigências formais, até porque recebeu formação nesse sentido e já leu muitos trabalhos do género antes.
Mas o escrevinhador amador, aquele que elege um tema sem ter preparação académica para o auxiliar, como deve fazer?
Pode mesmo pôr-se em questão se o deve fazer, já que lhe falta a dita cuja preparação, mas trata-se de mero preconceito: existe uma longa lista de estudiosos autodidactas, sem preparação académica formal, que se destacaram pelo trabalho de investigação, experimentação, estudo ou divulgação.
Ora, se para a escrita da poesia ou de um romance é muito recomendável ter alguma bagagem literária, para o escrevinhador que desenvolva algum tipo de ensaio, investigação ou simples divulgação, é de simples bom senso que ‘leia tudo’ o que houver para ler antes de publicar alguma coisa.
Já no post anterior me referi ao ‘à vontade constrangedor’ como se escreve sobre assuntos sem noção de erros, lapsos, confusões, lacunas que até o leitor leigo, mas razoavelmente informado, pode facilmente perceber.
Por vezes, o plágio é evidente, noutras vezes as fontes duvidosas são as mesmas das de outros livros.
Mais frequentemente, o tema é tratado de forma superficial, sem acrescentar nada à literatura que já existe: não há uma ideia, um facto, um enquadramento, nada, absolutamente nada, de novo. Excepto um nível mais elevado de tédio e monotonia (mas aqui estou a pensar naqueles trabalhos académicos que se fazem para cumprir metas).

-Então, a que é que você se dedica? -Sou um troll. Estrago a internet a toda gente. -Este vinho não presta.
Não penso que sejam géneros mais difíceis do que o poético ou a ficção, longe disso. Mas não permitem a mesma liberdade criativa e os artifícios de estilo, exigindo muito mais do que a simples verosimilhança, tendo de ser claro e transparente na argumentação, capacidade para sustentar ideias e afirmações com algo mais do que raciocínios ou estórias, respeitar a lógica básica e colocar-se a si próprio a questão da fundamentação do que é dito. Por uma questão de credibilidade, claro.
Bem, fácil é que não é, realmente…